Penso.
Penso mais.
Mais.
Olho para baixo e vejo meus dedos digitarem este texto.
Pensei em dizer aquilo, mas talvez aquilo outro seja melhor aqui. Não que haja segredos, até porque publico todos sem discriminação - certo ou feio - são, vão e pronto.
Tracejo.
Calmo e estúpido, impoluto.
Tracejo:
Boca.
Nariz.
Olhos.
Orelhas.
A boca, os olhos e as orelhas são mais difíceis, refaço, rasgo, xingo, vou mijar, volto, ascendo a luz da vela, xícara, vinho, depois café.
Sigo.
Memória experimental, bêbada, risonha, me passa a faca preu rasgar o pão. Rasgo:
Havia uma pia, nela a bunda, o rasgo, o amasso, a língua. O não e o não, o não gritando desesperadamente que sim - sabíamos do estrago - de pé rolávamos.
Pratos facas garfos colheres
levitavam todos
lentos
mudos todos
esbarravam-se
caiam todos
inteiros todos
lentos
mudos todos
esbarravam-se
caiam todos
inteiros todos
Não levitava eu e você
Que corações amargos, pesados
Soluçam penumbram apenas
Fazem da vida instante agora, cacos
Posso lhe dizer que me curei. Você?
Pausa.
É tarde, o sol está lá nascido a 3 horas, a cama e você desarrumadas, tão clarinhas e lindas as duas - naquele momento quis grudar os olhos no teto, apesar que podia eu imaginar ver você assim do alto, um desenho desalinhado harmônico - lençóis brancos sobre o corpo teso de mulher de 27 anos. Do teu lado direito, no chão, estava lá meus ossos cobertos por esta capa de pele e pelos que chamam, que chamo de Eu e o colchão magro e duro, cansado.
Soluço.
E tudo aquilo se desfaz como a rapidez da luz, o cheiro de agora é de um café apressado, quase calado, estamos na mesma cozinha clara beje, nada levita, nem mesmo os aromas de café e pão, que parecem até rastejar-se pelo chão, como quem fojem.
Soluço.
E tudo aquilo se desfaz como a rapidez da luz, o cheiro de agora é de um café apressado, quase calado, estamos na mesma cozinha clara beje, nada levita, nem mesmo os aromas de café e pão, que parecem até rastejar-se pelo chão, como quem fojem.
Bagunço as idéias.
Digo: não direi uma só palavra sobre esta despedida, sobre este corredor feio estreito, sobre aquela escada e seus degraus, sobre você. Direi de mim, que é o que sei.
E o poema me escorreu pelas pernas, manchando as vestes, o mais prematuro dos prematuros, meu aborto, meu coito.
Tracejo.
Sobrancelhas cabelos pescoço...
E o poema me escorreu pelas pernas, manchando as vestes, o mais prematuro dos prematuros, meu aborto, meu coito.
Tracejo.
Sobrancelhas cabelos pescoço...
(Ao som de René Aubry - Trou de Memoire)
Chá quente em cima da mesa pela manhã, anunciando mais um dia preguiçoso que nasce em frente ao computador , abro a página de internet buscando um ar para minha falta de pausa e cá estou eu ... e como é bom ...
ResponderExcluirt.a
Ô menina, não sabe como fico contente.
ResponderExcluirMinha palavras ao teu amanhecer, que felicidade!
Fico muito agradecido.