noites em que o silêncio
são troncos
que tombam
folhas
que bailam
telhados arrancados
rajadas de vento
que adentram a janela e batem na porta do meu quarto
— Olá, você está?
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
susto na noite
tumulto
entre
a noite e o depois
o ônibus segue seco e duro
sem quem guie
sem quem cobre
vazio
no vidro
riscos
palavras
cartas
pegadas
a minha cara quase apagada
algumas memórias merecem um túmulo
fundo
palmas
e mais palmas
no mais absoluto
profundo
escuro
estou cansado de fantasmas
entre
a noite e o depois
o ônibus segue seco e duro
sem quem guie
sem quem cobre
vazio
no vidro
riscos
palavras
cartas
pegadas
a minha cara quase apagada
algumas memórias merecem um túmulo
fundo
palmas
e mais palmas
no mais absoluto
profundo
escuro
estou cansado de fantasmas
domingo, 16 de setembro de 2012
funeral
— Um banana. Batuta? que nada, ô. Bastou, o pai a mãe: tá! O afroxar do cabresto,
num sabe? Imagine, o bicho saiu em disparada, galopando, babando e relinchando.
Primeiro pela praça, feito como cão que cheira e mija, demarca. Uma graça. Depois
pelas ruas de ladrilho, tropeçando caindo ralando marcando de sangue todo
caminho. Até que deu na rua do seu Lazaro. Naquela construção, isso mesmo. Pois
bem, meu amigo. Invadiu. Subiu até o topo, deu na laje. Pulou pulou e pulou,
pulou mais um pouco, e como pulava e gargalhava, sorria entre soluços. Riu pra
praça lá embaixo, acenou pro pai e pra mãe - pra mãe que não sorria, mas que
respondia acenando -.
A vida é mesmo pouco, muito, muito pouco. Vejá só. O bicho sei lá como é que se enroscou tropeçou, mas caiu, é... caiu de papo, estirado, durinho da silva numa ponta de ferro, que deu no papo do bicho, abrindo caminho, dando na testa, fodendo-lhe o rosto todinho.
Ah mas se isso num é lá jeito de morrer, morreu, taí encaixotado o bichinho menino.
A vida é mesmo pouco, muito, muito pouco. Vejá só. O bicho sei lá como é que se enroscou tropeçou, mas caiu, é... caiu de papo, estirado, durinho da silva numa ponta de ferro, que deu no papo do bicho, abrindo caminho, dando na testa, fodendo-lhe o rosto todinho.
Ah mas se isso num é lá jeito de morrer, morreu, taí encaixotado o bichinho menino.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
nota
preciso falar mais
espremer o minímo, sabe
me mover
caminhar
pedalar
preciso caminhar, ando depressa demais
calcanhares doloridos demais
- pindurado ao telefone rabisco um papel inteirinho
mancho as sombras que alguma coisa faz
com um amarelo calmo branquinho
conforme rabisco surgi desforme formas, acho tudo bonito
por instantes penso que devo voltar a desenhar
tudo esvai -
troquei a lâmpada do quarto faz um tempo
não suporto luz fraca
joguei fora muita coisa daquela última gaveta
logo estará entupida de novo
tenho tido intermináveis dores de cabeça
acho que é o tal do último dente nascendo
vou ao dentista no sábado
por enquanto sigo pingando trinta gotas e tomando
neste começo de semana tenho muito trabalho
ando meio zumbi
meu filme tá parado
preciso desligar, tenho que dormir
espremer o minímo, sabe
me mover
caminhar
pedalar
preciso caminhar, ando depressa demais
calcanhares doloridos demais
- pindurado ao telefone rabisco um papel inteirinho
mancho as sombras que alguma coisa faz
com um amarelo calmo branquinho
conforme rabisco surgi desforme formas, acho tudo bonito
por instantes penso que devo voltar a desenhar
tudo esvai -
troquei a lâmpada do quarto faz um tempo
não suporto luz fraca
joguei fora muita coisa daquela última gaveta
logo estará entupida de novo
tenho tido intermináveis dores de cabeça
acho que é o tal do último dente nascendo
vou ao dentista no sábado
por enquanto sigo pingando trinta gotas e tomando
neste começo de semana tenho muito trabalho
ando meio zumbi
meu filme tá parado
preciso desligar, tenho que dormir
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